Vinícola portuguesa Filipa Pato ganha Selo Verde de Robert Parker

Giampiero Rosmo
Giampiero Rosmo Giampiero Rosmo
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Pesticidas e fertilizantes são banidos nos vinhedos, as fases da lua orientam o manejo das videiras e simpáticos porquinhos pretos passeiam pelos parreirais eliminando as ervas daninhas e se coçando nos troncos contribuindo para a sanidade das plantas.

Estas são apenas algumas das práticas sustentáveis da vinícola portuguesa Filipa Pato que, em outubro, recebeu o Green Emblem, renomado Selo Verde que todo ano é concedido pelo crítico norte-americano Robert Parker a empresas do setor que investem na sustentabilidade.

Famosa por produzir “vinhos autênticos sem maquiagem”, a enóloga Filipa Pato e o marido William Wouters acreditam nas práticas biodinâmicas e nos baixos rendimentos das vinhas para aumentar a qualidade da bebida. Seus vinhos estão disponíveis no Brasil, trazidos pelas importadoras Porto a Porto e Casa Flora.

“Para fazer Baga (uva tinta portuguesa) de alta qualidade, 30 hectolitros por hectare é o máximo absoluto. Em alguns vinhedos atingimos apenas 10 hectolitros por hectare. É preciso saber trabalhar bem a videira e, se praticarmos a agricultura biodinâmica, temos de estar na vinha todos os dias para sentir o que está a acontecer”, explica Filipa.
A vinícola, localizada na vila medieval de Óis do Bairro, região de solo calcário na Denominação de Origem Controlada (DOC) da Bairrada, região ao norte de Portugal, foi fundada em 2001 e possui vinhedos em três aldeias. Exibe a certificação orgânica (Ecocert) e biodinâmica (Demeter).

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“Quando se trabalha com a viticultura orgânica e/ou biodinâmica existe um conjunto de operações e intervenções culturais que devemos seguir a todo custo”, diz a enóloga.
Além de não usar produtos químicos nos vinhedos, a enóloga se preocupa com a conservação da fauna e flora, a utilização de insetos benéficos como joaninhas e cochonilhas para controlar populações de insetos indesejados, inclusão de comunidades locais e até respeito das fases lunares para executar algumas intervenções e procedimentos.

“Os ciclos lunares têm um dos impactos mais notáveis desde as primeiras folhas até a colheita. Um envolvimento total nos movimentos da Terra e da Lua permite intervir no melhor momento possível, o que pode compensar os caprichos do tempo”, garante a produtora.
Nos parreirais, circula ainda uma raça especial de porcos – cruzamento do pequeno porco vietnamita com o médio porco português Bísaro – que fazem um trabalho fantástico revirando o solo e controlando as ervas daninhas.

Os animais ajudam também a arejar o solo, o fertilizam com seus excrementos e contribuem para a sua acidificação (os solos da Bairrada tendem a ser muito alcalinos), ao coçarem o corpo nos troncos da videira, comportamento que limpa a planta e contribui para a sua sanidade.

Filipa explica que não existe fórmula para seus vinhos e que tudo é pura intuição: “Toda decisão de vinificação é baseada na observação, na reflexão, no sentido do presente e na visão do desenvolvimento futuro”.

Filha do produtor icônico Luís Pato, Filipa nasceu numa família de vitivinicultores que está há cinco gerações na mesma aldeia. A vinícola tem hoje 20 hectares onde são cultivadas apenas castas autóctones – a famosa Baga para os tintos e nos brancos, Bical, Arinto, Maria Gomes e Cercial. Uma pequena vinha de 0,6 hectares chamada Missão foi plantada com Baga pré-filoxera de 1864.

O reconhecimento do crítico norte-americano foi comemorado por Filipa como “a cereja do bolo”: “Me sinto muito privilegiada por ter nascido numa região fantástica chamada Bairrada, em Portugal, e por poder trabalhar com castas improváveis, vinhas extraordinárias e condições ideais que mostram toda a expressão do nosso terroir”, celebrou.
Espumante 3B Rosé

Espumante elaborado pela prestigiada enóloga Filipa Pato. É frutado e tem notas de fermento de pão e um toque tostado. Excelente sozinho, mas também indicado para acompanhar uma refeição inteira, da entrada ao prato principal.

Espumante 3B Blanc de Blancs

Elaborado com as uvas Bical, Cercial e Maria Gomes, este espumante branco tem perlage delicado e apresenta aromas de frutas frescas, cítricas e leve mineralidade. No paladar, é especialmente fresco e cremoso. É perfeito para acompanha peixes, canapés e queijos leves.

Post Quercus Bical

Vinho muito complexo, de vinhedos de 40 anos. Apresenta aromas minerais com notas defumadas. Em boca, aparecem nuances de peras, e nozes, além da deliciosa mineralidade. Possui certificação europeia de vinho orgânico e biodinâmico. Ideal com peixes, culinária japonesa e queijos.

Dinamica D.N.M.C Baga

Produzido pela enóloga Filipa Pato, através da agricultura biológica, com a uva Baga de diversos terroirs da região da Bairrada, este tinto possui aromas elegantes, com notas de frutas, como morango e ameixa, nuances de alcaçuz e de especiarias, como pimenta-do-reino, louro e tomilho. No paladar, é frutado, tem bela estrutura e textura aveludada, com um final de boca muito fresco. Vai bem com charcutaria, peixe grelhado, carnes brancas grelhadas e queijos curados (os mais secos e firmes). Aconselha-se decantar.

Território Vivo Baga

Vinho tinto elegante, estruturado e com excelente acidez assinado por Filipa Pato. Em boca, destacam-se sabores de frutas como cerejas e ameixas pretas, com notas de tabaco e cacau. Acompanha vitela, carne de pato e queijos cremosos.

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